PRÁTICAS TRADUTÓRIAS/INTERPRETATIVAS E IDENTIDADES LGBTTQIA+:
PDF

Palavras-chave

Práticas Tradutórias/Interpretativas
Decolonialidade Identidades
LGBTTQIA+

Resumo

O olhar decolonial encaminha o presente trabalho a fim de atender práticas tradutórias/interpretativas da Língua de Sinais Brasileira para o Português Brasileiro na modalidade oral. Nesse sentido, propomos uma reinterpretação de metodologias tradutórias que considere o processo enunciativo mediado por vozes e imagens de Surdos Gays Efeminados em performance artística Drag Queen. O trabalho insere-se nos estudos de língua, sexualidade e gênero associados à terceira onda da Sociolinguística (IRVINE; GAL, 2000; IRVINE, 2001; ECKERT, 2000) e lança mão de diálogos entre Sociolinguística e Tradução (PERGNIER, 1972) e dos estudos sobre sexualidades e língua (CARVALHO et al., 2016; 2017; 2018; 2019; 2020; MICHAELS, 2015; OLIVEIRA, 2017). Adotamos como objeto de pesquisa a avaliação e análise da presença da variação estilística na prática tradutória/interpretativa, no intuito de entender como essa variação estilística se faz necessária para preservação e manutenção de identidades. Acionando decolonialidade como agenciamento teórico-metodológico, por uma abordagem qualitativa com análise de dados de característica indutiva e interpretativa (MARCONI; LAKATOS, 2003; GIL, 2008; CRESWELL, 2010, AKOTIRENE, 2018), nos utilizamos da legenda do vídeo “Me conhecendo melhor”, protagonizado pela artista Surda e Drag Queen, Kitana Dreams, como elemento propulsor para as propostas de traduções que permitam ao tradutor/intérprete imprimir no afã tradutório/interpretativo o valor simbólico das imagens drag suscitados no nível discursivo empregado na enunciação. As técnicas de traduções selecionadas no serviço são nominadas de reelaboração (FURLAN, 2001), tradução livre (SOUZA, 1998) e retradução (MATTOS; FALEIROS, 2014). Por meio delas, atendemos a variação linguística, o significado social da variação, estilo de fala drag e identidade com foco em Surdos LGBTTQIA+ que performam padrões de feminilidade. Partimos do pressuposto de que o Protagonismo Surdo, que evidencia as narrativas de “histórias de feitos, conquistas, lutas, proezas, fatos, ações, batalhas protagonizadas por sujeitos surdos” (BARROS, 2019, p. 22), agencia o contexto de tradução/interpretação da Libras para o Português, o qual neste século requer uma reviravolta de sentido do processo tradutório/interpretativo. Considerando que, na década de 90, havia grande necessidade de oportunizar o acesso linguístico às Pessoas Surdas de todas e quaisquer informações veiculadas em Língua Portuguesa, agora no século XXI, requer o processo inverso, em que são as pessoas ouvintes não fluentes em Libras, que estão a contemplar atos enunciativos das Pessoas Surdas em lugares de protagonismo.

PDF