Resumo
O curso Letras Libras teve sua primeira edição no ano de 2006 atingindo 9 pólos em diferentes Estados do Brasil. Depois no ano de 2008 uma segunda edição desse curso é aberta para 15 pólos pela Universidade Federal de Santa Catarina onde atualmente também conta com turmas presenciais. O curso possui em seu currículo disciplinas especificas de escrita de sinais. A motivação para a pesquisa teve início no curso de graduação em uma atividade proposta, onde os alunos, em sua maioria ouvintes, fizeram a tradução de um texto em escrita de sinais para português. Sem contar com toda a complexidade do ato tradutório o texto não continha título, os sinais eram complexos, com muitos classificadores, movimentos difíceis de serem identificados e no decorrer do texto os alunos deveriam identificar o assunto do texto. Ao analisar esta atividade, identificamos grandes diferenças entre as traduções feitas pelos alunos e que muitas dessas diferenças eram intencionais, por escolhas dos alunos. Uma das estratégias de tradução escolhida por alguns é a tradução em duas etapas: primeiramente fizeram glosas e depois reescreveram as frases em português. Alguns registros coloquiais identificados nos fizeram refletir o contexto em que estes sujeitos estavam inseridos e por questões históricas os alunos estão imersos em traduções com foco na oralidade e não na escrita. Assim nesta pesquisa, a partir das atividades de tradução dos alunos com luz nos Estudos da Tradução, faz-se uma reflexão sobre o papel do tradutor discutindo termos como ‘fidelidade’, problematizado por Rosemary Arrojo (1986), em contraposição ao termo ‘co-autor’, realizando um diálogo com outros pesquisadores sobre processos tradutórios (Berman, 2007). A partir das análises dos textos traduzidos podemos perceber que muitos dos alunos foram co-autores dos textos acrescentando nas traduções para além de elementos coesão elementos de recriação do texto.