TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO COMUNITÁRIA E OS MIGRANTES SURDOS VENEZUELANOS EM BOA VISTA- RORAIMA

Resumo

O presente trabalho aborda o cenário migratório, com foco nas pessoas surdas migrantes provenientes da Venezuela, devido à crise política e econômica acentuada a partir de 2016. A presença desses sujeitos impõe a necessidade de tradução e interpretação no contexto comunitário, considerando outras línguas de sinais além do par linguístico Libras-Português, como a Língua de Sinais Venezuelana (LSV) e o Espanhol. Nesse cenário, este estudo objetiva descrever e refletir sobre a interpretação e tradução comunitária, considerando o contexto
migratório e a tríplice fronteira em que Roraima está situado. A metodologia segue uma abordagem qualitativa, utilizando pesquisa de campo com observação participante, por meio dos atendimentos às pessoas surdas migrantes na Pastoral Universitária (PU) e no Centro de Coordenação de Interiorização da Operação Acolhida, a partir de experiências como bolsista de extensão e colaboradora de um projeto voltado para surdos migrantes em Boa Vista, Roraima. Como resultados preliminares, é possível refletir sobre alguns pontos: a necessidade de formação de TILS para a interpretação comunitária em contextos de fronteira, considerando o uso de diferentes línguas de sinais e a ausência desses componentes no currículo de formação do curso de Bacharelado em Letras Libras da UFRR; as práticas junto à Pastoral Universitária evidenciaram também a importância de acolher pessoas surdas venezuelanas em LSV. Os TILS têm se inclinado a aprender a língua desses migrantes, o que contribui para mitigar os impactos negativos da migração em suas vidas. Além disso, é crucial que as agências internacionais e locais de acolhimento a migrantes reconheçam os TILS como profissionais necessários para a mediação linguística de pessoas surdas.