Resumo
A regulamentação da profissão dos tradutores e intérpretes de língua de sinais (TILS) no Brasil desencadeou uma série de pesquisas que estão atreladas à atuação desses profissionais e ao processo tradutório e interpretativo. A maioria desses estudos atém-se às perspectivas antropológicas, educacionais, tradutórias, linguísticas e literárias. No entanto, pouco se discute sobre os abusos de poder que os TILS passam antes, durante e depois da atuação. Nesse ínterim, esta pesquisa trata-se de ensaio teórico que objetiva discutir acerca das (não)condições de trabalho frente ao assédio moral e abusos nas relações de poder enfrentados pelos TILS. Apresenta-se uma análise crítica sobre o conceito de assédio moral e uma reflexão sobre essa materialização do assédio verticalizado nas relações de trabalho dos TILS, tendo como fundamentação epistemológica foucaultiana a fim de direcionar nossa discussão. Em primeiro momento, como critério de seleção, selecionou-se três descritores (ASSÉDIO MORAL; TILS; ABUSO DE PODER) para detectar artigos, livros e/ou documentos legais ou normativos que abordam sobre essa temática. Em seguida, realizou-se uma reflexão acerca das relações de poder nos espaços de trabalho objetivando compreender como elas se iniciam, se estabelecem, colonizam e estabelecem formas globais de mecanismos. Após essa compreensão, problematizamos o fenômeno a fim de entender como os sujeitos se submetem, ou não, aos tipos de relações de poder em que vivem. Visto que este campo está atrelado às percepções e, por sua vez, compreende as subjetividades inerentes aos profissionais TILS, foi utilizado de forma sucinta uma analogia através do prisma da sociologia envolta na consolidação da profissão mediante a sociedade, com o intuito de provocar questionamentos sobre o tempo de existência e reconhecimento da profissão no país. Além disso, verificou-se quanto às implicativas dentro das incidências de abusos nos tratos com estes em razão da não consolidação legal e social. Para tornar a temática interseccional e compreender os abusos subjacentes, ou não, no cotidiano desses profissionais, consideramos, também, as implicações do contexto histórico no Brasil. Isto justifica-se, pois a violência nos tratos trabalhistas é uma infeliz marca na conjuntura histórica trabalhista no Brasil desde a época escravocrata no período colonial e que os reflexos de abusos de poder estão presentes independente da profissão. Assim, coube levantar os seguintes questionamentos: Que compreensão têm os TILS acerca do assédio moral e os abusos nas relações de poder? Que percepções TILS, enquanto vítimas de violência velada, têm a partir das suas vivências no lócus de trabalho? Que ações podem ser realizadas a fim de dirimir/findar esse tipo de comportamento abusivo no local de trabalho? reconhecessem? Verificou-se neste estudo a necessidade de realizar pesquisas voltadas ao assédio moral e aos abusos de poder que abranjam uma visão global da atuação de TILS, a fim de compreender todo o fenômeno que inclui o período antes, durante e depois da atuação. Vale ressaltar a relevância da temática investigada para que as condições de trabalho, moral e dignidade desse profissional sejam zeladas a partir do conhecimento dessa tocante em seus mais diversos contextos laborais. A pesquisa, tipificada como ensaio teórico, trouxe apontamentos epistemológicos que visam, inicialmente, abrir as discussões acerca da proposta a partir de uma visão crítica-reflexiva a fim de ampliar dialogicamente e teoricamente a temática para a categoria no Brasil.