INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA NO CONTEXTO ARTÍSTICO
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Palavras-chave

Interpretação simultânea
Performance em Língua de sinais
Intérprete

Resumo

O trabalho apresenta um estudo empírico-experimental que têm como objetivos verificar as estratégias que são possíveis para interpretação simultânea (IS) no contexto artístico e o que pode atrapalhar o contato do espectador da performance com o artista surdo. Os participantes desse estudo são dois TILS profissionais que atuam como técnicos de tradução/interpretação (T/I) Libras/Português no IFSC – Campus Palhoça Bilíngue. Ambos possuem experiência na área de tradução e interpretação educacional, palestras e outros. Os participantes serão identificados por sigla TI1 e TI2. A escolha desses participantes se deu por considerá-los competentes e experientes na área de T/I e ainda por terem participado das apresentações ao vivo das performances, objetos desse estudo. O material utilizado é um vídeo com performance em Libras do artista surdo identificado por BR, o título da história é “O papagaio rei”. A performance tem duração de 06 minutos e 30 segundos e foi escolhida por ser uma narrativa que contém elementos poéticos. A estética apresentada constitui marca da literatura surda, ao que consideramos um texto construído, em sua maioria, por classificadores, pela fluidez das incorporações dos personagens ou antropomorfismo, bem como pelo tema abordado. As expressões faciais e corporais exaltam os sentimentos que a performance pretende comunicar, sendo parte fundamental da mensagem. Foram analisadas as IS que os dois TILS fizeram da performance de BR. Ambos assistiram, separadamente, ao vídeo e realizaram IS que foi gravada em vídeo e transcrita para o sistema de anotação ELAN. Após finalizarem a IS, realizamos uma entrevista semi-estruturada objetivando analisar as impressões que os TILS tiveram sobre o trabalho que acabavam de fazer. As IS de TI1 e TI2 foram naturalmente diferentes, tanto as escolhas lexicais quanto o tipo de discurso adotado por cada um, apresentaram peculiaridades para a construção de um tipo de interpretação simultânea que pretendemos chamar de artística (ISA). As trilhas no ELAN são as transcrições das IS. A título de comparação, ao descrever as falas de IS para o ELAN apresentam-se 36 anotações para IS do TI1, 39 para IS TI2. Não é uma variável somente quantitativa, mostra que a tradução/interpretação pode variar de profissional para profissional, que pode ser subjetiva. Entretanto, mesmo com estilos diferentes de interpretação encontramos padrões que poderão nortear a IS no contexto artístico, dessa forma elaboramos categorias extraídas dessas interpretações experimentais, que poderão caracterizar uma ISA. Analisamos quais trechos das duas interpretações de “o papagaio rei” representam relevância. Quais trechos sugerem efeitos cognitivos que favorecem o contato do público com o artista, outra categoria é de omissão como estratégia para ISA. Elencamos também os problemas da interpretação performática sinal-voz no contexto artístico. As outras categorias elaboradas são pausa, prolongamento, repetição e redundância. Podemos considerar, a partir desse estudo que a interpretação performática é diferente da ISA. Na ISA, o TILS poderá não interpretar alguns tipos de CL e expressões corporais, aproximando mais o público da performance e promovendo seu próprio conforto.

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