Resumo
O presente artigo trata das experiências e ações realizadas por docentes, tradutores e intérpretes de língua de sinais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS. Os profissionais, que são concursados e contratados, atuam como membros e colaboradores da Comissão de Estudos Surdos - CES, criada pela Portaria nº1342/2016. O CES tem por objetivos discutir, propor, acompanhar e assessorar o IFRS em assuntos referentes à acessibilidade e inclusão dos surdos nas instituições. Uma das ações mais significativas desta comissão é a realização da tradução e interpretação de Libras dos editais e dos processos seletivos (provas/questões objetivas e redação). O trabalho desenvolvido desde 2014, vem desafiando o grupo quando esbarra nos diversos contextos linguísticos-culturais-sociais. As traduções que exigem estudos e empréstimos linguísticos visuais a fim de proporcionar aos surdos um entendimento claro e coerente das questões. E as avaliações das redações dos candidatos surdos, em que se considera a escrita enquanto segunda língua, que garante os direitos humanos-linguísticos-legais. Porém, os desafios deste grupo estão nas metodologias utilizadas para as traduções, interpretações e avaliações das provas. Como as questões são estudadas? Quais sinais usar, quando os candidatos surdos surgem de realidades diversas onde os sinais específicos das áreas da matemática, de linguagens e das ciências humanas e da natureza se diferem entre as escolas? Outro grande desafio é como avaliar a redação dos candidatos surdos quando o português escrito é considerado segunda língua? Avaliar apenas a produção semântica? Ou o desenvolvimento do texto também precisa ser olhado com mais atenção? Estes e outros desafios fazem parte das discussões continuas em que o grupo da CES, que se reúne periodicamente com a Reitoria, também tem apresentado sobre a realização das provas da área de linguagens em que sejam elaboradas questões de português enquanto segunda língua e que os surdos tenham o direito de realizar as redações em Libras. Para tanto, tem se pensado na realização de cursos-oficinas eventos, que articulem com as comunidades educacionais, jurídicas e de área de saúde a fim de viabilizar e convencionar o sinalário (STUMPF, 2005) nas diversas áreas de conhecimento. Entende-se, dessa forma, que as ações relacionais (FOUCAULT, 2010, 2011), ou relações potentes (DELEUZE, 1992) são movidas e movimentadas, possibilitando implementações e práticas éticas-estéticas-culturais de/em/para tradução e interpretação de Libras, alcançando a qualidade e equidade nos processos seletivos para os surdos.