Resumo
Partindo do conceito de Intencionalidade proposto por Searle (1995), Urmson (1974), Grice (1989) e McCulloch (1981), este trabalho propõe uma reflexão da possibilidade de análise do processo tradutório da Língua Portuguesa para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). O processo de enunciação pode ser compreendido a partir de determinadas facetas, mas é de comum acordo que este processo só se realizará a partir da existência de sujeitos de linguagem, que participam dialogicamente dessa ação. Nesse processo, os sujeitos utilizam-se da língua para imprimir sentido no mundo, valendo-se de seu conteúdo formal e referencial. A Intencionalidade comprometida com a questão de sentido pode contribuir na análise discursiva, tendo na linguagem seu espaço de manifestação. Durante uma tradução, o discurso do locutor – construído a partir de determinadas estratégias enunciativas com vistas a provocar determinado efeito de sentido – é retransmitido para uma segunda língua (no caso em questão, a Libras). Contudo, esse discurso sofre alterações, uma vez que se insere numa segunda rede enunciativa por via do intérprete. Esse “novo” discurso, por sua vez, deverá provocar o mesmo efeito de sentido do primeiro discurso, para se ter a garantia da transmissão da mensagem inicial. Assim, para compreender a validade desse processo, pretende-se analisar as proposições e estados mentais das enunciações na Língua Portuguesa e seus correlativos nas enunciações na Libras, verificando se há ou não correspondência entre eles. Dessa forma, pretende-se apresentar a Intencionalidade como mais uma possibilidade teórica de estudo, compreensão e análise das práticas tradutórias, visando contribuir na formação do intérprete de Libras.