Resumo
As pesquisas sobre marcas de gênero no uso da linguagem para produzir um discurso não são recentes, porém as descobertas sobre o tema são cada vez mais reveladoras e interessantes. Ao perceber que homens e mulheres podem apresentar traços que sugerem marcar suas posições sociais e culturais de gênero torna-se válido pesquisar se este fato também ocorre na interpretação da Língua de Sinais Brasileira. O presente trabalho é resultante de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo central fazer uma investigação sobre marcas de gênero na interpretação simultânea da Língua Portuguesa para a Língua de Sinais Brasileira. A referida pesquisa caracteriza-se por ser um Estudo de Caso e tem como suporte teórico os Estudos da Tradução, os Estudos de Gênero, os Estudos Culturais e os Estudos Surdos vinculados a Análise Crítica do Discurso. A coleta de dados realizou-se com participação de seis intérpretes de língua de sinais brasileira (ILS) sendo três do sexo feminino e três do sexo masculino. As filmagens das interpretações foram efetivadas em estúdio fechado na Universidade Federal de Santa Catarina, gravadas em DVDs e, posteriormente, analisadas. O texto interpretado foi extraído do jornal “Folha de São Paulo” – Caderno Equilíbrio – publicado em 28 de julho de 2005, intitula-se “A construção da diferença de gênero” e é de autoria de Rosely Sayão. Cabe ressaltar que o tema e o objeto de estudo da pesquisa não foram revelados aos participantes a fim de manter a maior naturalidade e neutralidade possíveis no momento da interpretação evitando atitudes de monitoramento e/ou controle sobre os sinais, escolhas e/ou estratégias utilizadas em meio ao processo de interpretação. A partir das investigações realizadas foi possível perceber alguns traços que sugerem marcas de gênero na interpretação da Língua Portuguesa para a Língua de Sinais Brasileira, contudo é importante esclarecer que sendo esta pesquisa um estudo de caso não visa generalizar os dados apresentados.