GÊNEROS DISCURSIVOS E A ATUAÇÃO DO TRADUTOR/INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS NA PRÁTICA CLÍNICA FONOAUDIOLÓGICA
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Palavras-chave

Tradutor/Intérprete de Língua de Sinais
Surdos
Fonoaudiologia

Resumo

Os profissionais tradutores/intérpretes de língua de sinais são responsáveis pela mediação das informações aos sujeitos surdos. A atenção voltada à atuação deste profissional vem sendo conquistada a cada dia, visto que a oficialização da Língua de Sinais Brasileira (Libras) é historicamente recente. Começam, então, a surgir estudos direcionados aos espaços de atuação desse profissional, à medida que ele vem emergindo de forma relevante e significativa para a comunidade surda. A apropriação da Libras pelo fonoaudiólogo como profissional de saúde da comunicação torna-se primordial neste contexto. Entretanto, mesmo diante da obrigatoriedade da disciplina Libras no currículo de Fonoaudiologia, como língua plena, há a necessidade de maior fluência. Assim, o tradutor/intérprete de Libras suprime a lacuna comunicacional. Os perfis de ambas as profissões dialogam harmonicamente no aspecto ético de sigilo e confiabilidade (QUADROS, 2004). Um dos novos espaços de atuação vem se implementando na Clínica-Escola do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), através de uma pesquisa e três ações extensionistas, com foco na produção escrita de surdos e sua relação com a Libras. Como desdobramento da pesquisa, surge a presença do tradutor/intérprete no âmbito clínico-fonoaudiológico no atendimento a pacientes surdos, objetivando a intermediação das produções do português escrito através de diferentes gêneros discursivos tais como: fábulas,piadas, tiras, listas. A perspectiva interacionista da pesquisa compreende a negociação de sentidos através da língua natural dos surdos, a Libras. Para tanto, foi composta uma equipe com docentes e discentes do Curso de Fonoaudiologia da UFPE e tradutores/intérpretes de Libras, entre eles, graduandos do curso de Bacharelado em Letras Libras/UFSC, tendo como polo a referida Universidade. A metodologia consta em encontros semanais realizados para discussão dos atendimentos dos pacientes, segundo o perfil de cada sujeito surdo à luz de referenciais teóricos sobre surdez (SKLIAR, 1997, 1998, 1999; STROBEL, 2008; QUADROS, KARNOPP 2004), gêneros textuais (BAKHTIN, 2006) e ensino de português como segunda língua/L2 (DI DONATO, 2008; GRANNIER 2005; DECHANDT-BROCHADO, 2003, 2007). Estes encontros se propõem, ainda, a analisar a atuação do tradutor/intérprete na intermediação terapeuta-paciente, e as contribuições e ganhos nas produções escritas dos surdos. O atendimento aos oito surdos, com idades entre 9-42 anos, realiza-se duas vezes por semana na clínica-escola de Fonoaudiologia da UFPE. As sessões terapêuticas são transcritas na íntegra para o português. Este estudo encontra-se em andamento, todavia, já aponta significativas conquistas dos surdos na apropriação da escrita do português, podendo-se perceber a contribuição do profissional intérprete nos ganhos obtidos com sua intermediação. Consoante este novo fazer fonoaudiológico, oportuniza-se a diminuição das barreiras comunicacionais, desmi(s)tificando este outro, o surdo, como também, possibilitando um novo campo de atuação para o tradutor/intérprete de Libras.

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