ARTEFATOS CULTURAIS SURDO NOS CURRÍCULOS DE GRADUAÇÃO DO TRADUTOR INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS/LÍNGUA PORTUGUESA:
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Palavras-chave

artefatos culturais
surdos
tradutor
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libras

Resumo

O currículo é coluna que deve elencar a cultura, os saberes, os valores dos grupos que constituem o espaço escolar e, educar torna-se um emaranhado de relações, espaços, no qual se espera que o conhecimento seja construído nos meandros das dimensões sociais, políticas e culturais. Isso posto, educar, formar, leva consigo diferentes significados. Nesse emaranhado de relações, as diferenças culturais muitas vezes são compreendidas pelo viés do senso comum baseando-se na hipótese de que os grupos e comunidades culturais diferentes do “nosso grupo” são guetos, considerados radicais. Entretanto, as culturas nesses espaços são construídas histórica e socialmente onde os sujeitos desempenham funções ativas e buscam apoderar-se do conhecimento para se posicionarem no mundo. Os cursos de graduação que formam o tradutor intérprete de língua de sinais – TILS – foram criados tendo como diretriz os dispositivos legais que reconhecem a língua de sinais – Lei 10.436/2002 e o decreto 5626/2005 que orienta a formação de TILS através de cursos de extensão, graduação específica e pós-graduação na área de língua de sinais. Desde 2006, o número de cursos de graduação na área de tradução e interpretação de língua de sinais têm crescido nas regiões brasileiras. Anterior a essa legislação, a formação desse profissional caminhou durante muito tempo com uma visão empirista e na informalidade sendo realizado por instituições religiosas, associações e federações de surdos. O currículo dos cursos de graduação de TILS contempla a cultura surda? Trata da história cultural do povo surdo? A seleção de como os artefatos culturais surdo são abordados nesses cursos propicia uma imersão no universo surdo? A materialização enquanto conteúdo não palpável desses pressupostos culturais se dá de que forma? Tais pressupostos devem ser abordados de forma transversal nas disciplinas dos cursos de formação? Um levantamento bibliográfico de cunho qualitativo, aponta que os artefatos culturais surdos são percebidos pelos alunos como algo palpável e compartimentado. Embasando esse estudo na pedagogia crítica de Santomé (2011) que advoga da ideia de que o currículo deve conter as “vozes dos outros”, seus desejos e anseios evitando situações de injustiça ou opressão; nos estudos culturais elegendo Hall (2003) e Bhabha (2003) como autores que contribuem para uma compreensão de cultura como um estilo de vida incorporando atitudes, linguagens, ideias e espaços de poder trazendo a discussão em torno da tradução cultural apontando o traduzível e o intraduzível na cultura; os estudos culturais também colaboram para uma compreensão dos estudos surdos elegendo Quadros (2007), Skliar (2000), Perlin (2004) como leituras que contribuem para concebermos que a cultura do outro surdo, sua história, deve ser concebida na perspectiva da compreensão cultural, no diálogo entre culturas. Suas diferenças, seus valores e suas representações culturais.

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