Resumo
Os termos básicos de cor foram definidos com base em critérios propostos pelos linguistas antropólogos Berlin e Kay (B&K), em 1969, e resultaram nas seguintes cores chamadas também de cores focais, a exemplo do português: branco, preto, vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, roxo, rosa, laranja e cinza, termos estes que constituem, segundo os autores, o universal semântico de cor e aparecem numa ordem gradativa, na qual o branco e o preto encabeçam essa ordem e o roxo, cinza, rosa e laranja a ultimam. Cada um desses termos constitui o melhor exemplo de cada categoria de cor, ao passo que nomeiam essas categorias. Há possibilidade de o quantitativo de termos ser diferente entre as línguas, mas há indícios de um compartilhamento universal de repertório relacionado a cores que varia, necessariamente, entre 2 e 11 termos supracitados. Apesar de o debate sobre categorização de termos básicos para cores ser amplo com línguas orais, como pode ser evidenciado por estudos recorrentes em Kay (1975); Kay & Mcdaniel (1978); Kay, Berlin & Merrifield (1991); Kay & Maffi (1999); Kay & Regier (2006); Kay & Regier (2007); Taylor, J. R (1995); Davies & Corbett (1994), ainda temos poucas informações relacionadas às línguas de sinais (cf. Zeshan & Sagara, 2016, com os principais estudos sobre terminologia de cores em línguas de sinais). Objetivos: Nesse sentido, esta pesquisa pretende averiguar se na Língua Brasileira de Sinais há ocorrência das restrições e do repertório universal de cor propostos pela Teoria de B&K sobre categorização de termos básicos para cores, bem como comparar se há traços de divergência e convergência com o Português. Metodologia: Trata-se de um estudo comportamental descritivo de ordem comparativa, em que serão investigadas estas duas línguas de modalidade distintas. O estudo proposto constitui algo inédito no Brasil, sobretudo porque faz uso de tarefas comportamentais com uma amostra considerável a partir da descrição, levantamento e análise dos dados baseados nos pressupostos teórico-metodológicos de Hollman e Uuskula (2012) e Hollman (2010). Foram realizadas duas tarefas: uma de nomeação e outra de listagem de cores. Resultados: Os resultados da análise indicaram que os TBCs das cores básicas foram mais salientes em ambas as línguas. Também foram encontrados agrupamentos primário e secundário de cores, exceto para os termos marrom e rosa em Libras. Conclusões: Os resultados confirmam a saliência dos TBCs e identificam os melhores exemplos desses termos de cor em ambas as línguas.