Resumo
O debate em torno de políticas inclusivas tem sido constante. Nesse contexto, a educação de surdos tem centrado na efetivação de uma educação bilíngue e na necessidade de políticas linguísticas. Ocorre que essa discussão é balizada por uma gama legal, principalmente no campo da acessibilidade, mas é imprescindível
considerar o contexto da prática. Entendemos que o movimento de valorização da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma realidade, no entanto é preciso avançar em quesitos de aplicabilidade legislativa, considerando os diferentes espaços, sujeitos e experiências. Essa discussão tem crescido no espaço acadêmico, também
como objeto de pesquisa. Sendo assim, tendo em vista as vivências da doutoranda, como tradutora-intérprete de Libras (TILS) na esfera federal, esta proposta representa um recorte de uma pesquisa de doutorado que foca na investigação de políticas linguísticas educacionais na educação superior direcionadas para pessoas
surdas e atreladas a políticas públicas mais gerais. Nesse sentido, o objetivamos refletir sobre uma acessibilidade e políticas linguísticas educacionais para pessoas surdas no ensino superior, considerando aspectos legais e experiências de tradutores-intérpretes de Libras (TILS). A partir de uma abordagem qualitativa, a pesquisa macro é um estudo de caso, tendo como locus a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Como procedimentos, realizamos uma pesquisa documental (documentos internos) e um grupo focal com TILS da instituição. Nesta proposta vamos considerar a legislação (internacional e nacional) e breves relatos de TILS
sobre situações vividas em sala de aula. A pesquisa ainda está em andamento, mas apresenta resultados parciais, tais como: a Libras no ensino superior é ferramenta de comunicação, mas a língua portuguesa ainda é majoritária; existência de projetos que visam (in)formar a comunidade acadêmica; carências linguísticas de alguns sujeitos surdos em sua própria língua; entraves pedagógicos (relação professor- aluno e/ou professor - TILS); e práticas colaborativas (multiprofissionais) que merecem ser analisadas. Nessa direção, compreendemos a importância da existência de uma legislação, bem como da valorização da língua de sinais nos espaços educacionais. No entanto, é de igual valor considerar os sujeitos e suas experiências, no intuito de gerir as ações em torno da língua e acionar políticas públicas mais amplas. A universidade caminha no reconhecimento da língua de sinais, bem como busca ampliar a participação dos sujeitos surdos e TILS, mas as ações ainda se centram nas orientações acerca de políticas de acessibilidade, carecendo ampliar as discussões para o âmbito das políticas linguísticas e seus entrelaçamentos com outras demandas sociais.