Resumo
O presente artigo tem como objetivo relatar o processo de elaboração interdisciplinar de um dos materiais didáticos produzidos no grupo de pesquisa com foco no ensino de História e da Língua Portuguesa para crianças surdas do primeiro ano do Ensino Fundamental a partir da abordagem comunicativa de ensino de línguas. O material intitulado “Material para o ensino de História, alfabetização e letramento para surdos” é fruto do projeto “Ensino de História, alfabetização e letramento na educação de surdos: contribuições da Pedagogia histórico-crítica para a produção de materiais didáticos bilíngues”, desenvolvido no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) - Câmpus Palhoça Bilíngue (Libras-português) e aprovado no Edital Universal 02/2023, realizado de setembro de 2023 a agosto de 2024. O caminho metodológico percorrido tem base na sistematização de passos para elaboração de materiais didáticos a partir da abordagem comunicativa para o ensino de segunda língua apresentado por Leffa(2007). Os passos são: a) análise; b)desenvolvimento; c) definição da abordagem; d)a definição do conteúdo; e) a definição das atividades; f) a definição dos recursos; g)
ordenamento das atividades; h) a questão da motivação; i) implementação; j)avaliação (Leffa, 2007). Como a pesquisa não envolve participantes, os passos a), i)e j) não fazem parte da metodologia da presente pesquisa. Além do autor supracitado outros que colaboram para as reflexões neste artigo são Mikhail Bakhtin (2014, 2016) e Roxane Rojo (2005, 2007) que trazem contribuições do que se entende por gêneros
discursivos e seus usos na escola para o ensino de língua e escrita; e Zena Eisenberg(2011), Selva Guimarães (2017) e Circe Bittencourt (2018) que apresentam importantes aspectos sobre o ensino de história. Algumas considerações a que chegamos foi sobre a necessidade de etapas como a da avaliação, ausente na elaboração do material apresentado. Outra consideração é mesmo que os estudos sobre gêneros tenham se difundido no Brasil a partir de 1995, ainda temos a necessidade de nos apropriarmos dos conceitos a partir de estudos diretos daqueles que os conceberam, nesse caso, Bakhtin e os gêneros, para então, ter um
posicionamento e uma prática coerentes. Também foi possível concluir que ter como base marcos da comunidade surda e a valorização das línguas de sinais no material é imprescindível para que as crianças surdas possam ser sujeitos cada vez mais conscientes da beleza de sua língua e de sua voz ativa na sociedade.