Resumo
O presente trabalho trata sobre uma micro pesquisa para fins de registro, no canal Jornal Gausurdo do youtube e no site da Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul - SSRS, sobre a criação do sinal de SSRS. A SSRS é uma associação fundada em 14 de abril de 1962, com o objetivo de proporcionar aos surdos um espaço de comunicação, informação e entretenimento. Conta-se que durante o período de fundação da associação surgiu um sinal para SSRS. Na convivência com a comunidade surda nos deparamos com dois sinais de SSRS. E entendemos necessário registrar a história e os discursos que acompanham o processo da criação do sinal da SSRS utilizado hoje na comunidade surda gaúcha, especialmente entre os frequentadores da associação. A pesquisa se deu através de uma entrevista virtual por meio da rede social Instagram com sete pessoas surdas de idades e regiões diferentes. Todos são sócios da SSRS e concederam suas entrevistas para o JG – Jornal Gausurdo da SSRS (www.gausurdo.ssrs.org.br). A entrevista se deu em tempo de até três minutos, foram realizadas três perguntas: 1) O que é SSRS? usando aqui o alfabeto manual, para evitar a influência do uso do sinal pelos participantes; 2) Porque esse sinal de SSRS? (buscando o contexto histórico do que conhecem sobre o sinal); 3) Há quanto tempo frequenta a SSRS? (verificar a hipótese de uso diferente do sinal conforme a geração). Entre os entrevistados da terceira idade nota-se o uso apenas do sinal de Rio Grande do Sul, no relato é apontado que esse sinal vem desde os tempos de fundação e pessoas da terceira idade usam desta mesma forma. Os demais entrevistados mostram o sinal de clube + RS, conforme o relato de uma entrevistada isso se deve ao fato de que fora do estado o sinal era confundido com o sinal do estado RS. O sinal Clube + RS surgiu para essa distinção. Porém, se nota que mesmo entre os mais jovens o uso do sinal RS também é usado, segundo dois entrevistados jovens é como se fosse uma abreviação. Mas não fazem relação que seja um sinal utilizado pelos surdos mais antigos. Ao analisarmos as narrativas sobre o que sabem ou conhecem da história sobre o sinal da SSRS utilizado hoje, nos ocorre o que Karnopp e Klein (2016) escrevem sobre as narrativas como “representações que emergem das histórias que são contadas, da interação que se estabelece e das interpretações que são feitas”. Quando os surdos narram sobre o sinal e sua mudança, essa narrativa reafirma o que as autoras colocam que “o significado de tais narrativas é fluido e contextual; não é fixo nem universal”. O sinal da SSRS sofreu pequenas
alterações porque para Bakhtin (1992) a língua é constituída pelo fenômeno da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua”. Concluímos que os sinais mudam conforme o contexto histórico de existência da SSRS para os surdos.